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Mobilidade Cicloviária

Recife, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, São Lourenço da Mata, Ipojuca e Itapissuma são cidades que possuem ações públicas para o transporte cicloviário. Isso não significa que essas ações são postas em prática. 

 

É válido lembrar que 2020 é ano de eleições municipais e a possibilidade de os prefeitos colocarem em prática ou darem andamento a obras que não foram feitas é grande. Maior ainda é a chance de sair alguma coisa (ou tudo) errada. 

 

Recife tem destaque nas determinações do Relatório Redes Ciclavéis (2010) e no Plano Diretor de Transporte e Mobilidade do Recife (2011). O relatório, elaborado pela CTTU, destaca benefícios para o incentivo da bicicleta no Recife, através dos fatores Econômico: custo do congestionamento nos principais corredores; Espacial: Recife é  uma das menores capitais do país; Ambiental: Parte da cidade é plana e o período de chuvas é concentrado em quatro meses do ano. A proposta do planejamento consiste no desenvolvimento de ações de incentivo a este modo de transporte e promover a conexão entre as zonas por uma rede cicloviária. 

 

O Plano Diretor traça uma rede para interligar as principais vias de acesso às regiões. É prevista a expansão de 20km da rede de ciclovias existentes. Com a proposta de 74km de ciclovias em corredores hidrográficos, 120km em corredores do Sistema de Transporte Público de Passageiros, 156km de ciclofaixas e 74km de ciclorotas.

 

De acordo com dados de uma pesquisa do plano de mobilidade, do Idom/Tectran 2013, o maior motivo das principais viagens de bicicleta é o trabalho (58%), seguido de comprar (15%), lazer (10%), outros (9%), estudo (7%) e médico (1%). 

 

É cada vez mais comum ver o uso da bicicleta e a ausência de ciclofaixas e de respeito dos motoristas com os ciclistas dificulta ainda mais a situação. A Prefeitura do Recife disse que está investindo em mais vias exclusivas e sinalização para pedestres e ciclistas. Algumas medidas foram as novas faixas pintadas nas ruas, nas cores verde, azul e vermelha, para facilitar na segurança. As cores servem para chamar a atenção como refúgio, algumas das faixas vermelhas servem para indicar aos carros, motos e ônibus que o ciclista também andam na via, para que eles tenham mais atenção e a velocidade máxima permitida nessas ruas é de 30km/h. De acordo com dados do Ministério da Saúde de 2017, pelo menos 32 pessoas morrem por ano atropeladas na RMR. Por isso, a necessidade das ruas estarem coloridas. 

 

Em entrevista à TV Globo, a presidente da Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), Taciana Ferreira, afirmou que o foco da instituição é a mobilidade de pessoas, não dos veículos. “Temos olhado para o pedestre, o ciclista e o transporte público em todas as intervenções que temos feito. Existe um tripé nessa relação do trânsito: engenharia, educação e fiscalização”. Na ocasião, ela revelou, ainda, que o Plano Diretor Cicloviário deu diretrizes para o ampliamento da malha cicloviária. “Estamos seguindo com isso para que possamos ampliar essa malha até 2024. Hoje, já temos mais de 100km de malha ciclável no Recife. Estamos buscando uma mobilidade sustentável. Por isso, a necessidade da educação e da fiscalização, para concluir essa transformação”, disse. 

 

Em tempo, ela garantiu que há penalidades estabelecidas para quem estaciona e trafega nas ciclofaixas, sendo de R$ 195,00 para quem estaciona, sujeito à reboque, e até R$800,00 para que trafega.        

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O outro lado da moeda 

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Pensando nas bicicletas enquanto meio de mudança social e incentivo a sustentabilidade, atrelada à humanização, inúmeras organizações voltadas para este segmento foram surgindo em meio ao caos dos grandes centros urbanos. É o caso da Associação Metropolitana de Ciclistas do Grande Recife (Ameciclo), que tem como propostas diversos projetos de intervenção que, através da interdisciplinaridade, buscam educar e democratizar o uso das bicicletas. Alguns destes projetos são o Bicibot e o Bota pra Rodar.  

A baixa infraestrutura que a cidade do Recife tem no que diz respeito a ciclomobilidade resultou em iniciativas como o Bicibot. Através de uma assistente virtual que utiliza inteligência artificial mediante um chatbot, a plataforma tem como objetivo dar voz aos ciclistas sobre os principais problemas de segurança viária a qual estão submetidos constantemente. Para conseguir diagnosticar com dados a realidade de quem usa bicicleta como meio de transporte, Recife e São Paulo se uniram para desenvolver o projeto. Com isso, as ocorrências podem ser quantificadas e qualificadas, dimensionando a realidade dos ciclistas das duas capitais. No Recife, a plataforma possibilita que os usuários denunciem motoristas profissionais de ônibus e táxis que desrespeitem o direito dos ciclistas. A cada denúncia prestada, gera-se um ranking de maus motoristas.

A iniciativa do Bota pra Rodar, que teve início em 2016, tem como objetivo coletar bikes antigas para restauro e uso coletivo dentro das comunidades. À princípio, a proposta foi operada na comunidade Caranguejo Tabaiares, localizada no bairro da Ilha do Retiro e Santa Luzia, no bairro da torre e funciona da seguinte maneira: bicicletas sem utilização em condomínios e casas são recolhidas e levadas para a comunidade na qual serão doadas. Elas são integradas aos moradores e uma forma de construção de sistema é discutida para que a ação seja viável à realidade do grupo de moradores. Oficinas de mecânica, pintura e restauro são aplicadas nas comunidades para a recuperação das bikes. Por fim, o sistema de compartilhamentos de bicicletas é gerido e aplicado aos moradores.  

Vanessa Santana é sócia da Ameciclo, estagiária e coordenadora do projeto Bota pra Rodar. Para ela, o projeto vai mais além do que disponibilizar bicicletas como forma de ajudar no deslocamento dos moradores. “Munidos do acesso a bicicletas e com as oficinas de capacitação e direito à cidade, o interesse dessas comunidades nas problemáticas tocantes a este direito é despertado, bem como mobilidade e cultura da bicicleta”, afirma. 

As oficinas aplicadas pelo projeto, contudo, partem do mesmo princípio. “Dentro dessas oficinas a gente busca trabalhar e desenvolver essa percepção de como as cidades podem ser mais humanas e democráticas através do uso da bicicleta e quais as problemáticas que estão inseridas quando há a valorização da carrocracia, trabalhando também os aspectos técnicos”, conclui.  

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